17 de setembro de 2014

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9 de setembro de 2014

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3 de setembro de 2014

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5 de dezembro de 2013

Patrulha Mecanizada

Gosto de saber a origem das coisas e as vezes esta minha curiosidade me leva a lugares bem inusitados. Bem, como alguns sabem sou engenheiro mecânico, e durante uma especificação de equipamento veio a dúvida de que nomenclatura utilizar nas especificações, a técnica ou a usual?

Nos catálogos existem a motoniveladora, mas usualmente conhecida como "Patrol", no campo é comum o uso do termo Patrol ou mesmo Patrola. Mas consegui a origem da confusão:

"Bem na antiguidade, antes ainda do Império Romano, que construía estradas pavimentadas (calçadas de hexaedros), as lideranças comunitárias já formavam patrulhas para abrir e aplainar caminhos. Essas patrulhas podiam ser formadas por homens já empenhados nos trabalhos de guarnição e ronda ou por indivíduos eventualmente destacados para a tarefa. Durante toda a antiguidade, até quando foi inventada uma máquina niveladora puxada por bois, com picaretas, pás, enxada e dinamites as patrulhas abriram picadas, estradas estreitas e largas, curtas ou de longa distância, por onde podia desfilar formações militares, transitar pessoas comuns e carros.

No inglês, a palavra patrulha equivale a patrol e, certamente, as primeiras máquinas utilizadas na construção de estradas tiveram origem inglesa, pelo que eram chamadas figurativamente de patrol, pois executavam a função da patrulha quando esta era designada para o fim. É certo também que essas máquinas, que tinham tração animal, não eram operadas por apenas um homem, requerendo ainda uma patrulha, embora que substancialmente menor. Depois a máquina foi evoluindo. Com o motor a explosão ganhou tração autômata e força hidráulica, tornando-se independente da patrulha humana, mas seu nome passou para a história como patrulha – patrol, no inglês e patrola, que é versão aportuguesada conhecida no Brasil. Esse nome é, entretanto, sua designação comparativa, pois sua designação formal é motoniveladora.  - Wilson do Amaral (recantodasletras.com.br)"

Resolvemos utilizar o termo técnico, mas colocando o usual ao lado para ajudar a leigos também.

Abraço

28 de novembro de 2013

A ARCA DE NOÉ (*)

Absalão era um homem que se podia conceituar como justo. Era um estudioso e, quando repetia os sábios, dizendo que os lados de um quadrado eram iguais, realmente tornava-se difícil entendê-lo.

Dos seus 60 anos de idade, a maior parte havia dedicado à arte da guerra, onde conceitos técnicos e científicos eram mais aplicados. Particularmente, era apaixonado pela organização de forças de combate e pelo uso de armas avançadas, tais como lanças de grande alcance, setas orientadas e a última novidade bélica – o lançador de pedras!

Era um verdadeiro general! Com o avanço da idade e o aumento correspondente da sabedoria, Absalão também se preocupava com assuntos humanos, os quais, porém, já não era reverenciado como no seu tempo; os filósofos eram ridicularizados, havia uma inversão completa na política! Acreditava-se mais na energia e estultice dos jovens do que na ponderada orientação dos mais velhos.

Um dia Absalão andava pela ravina, imerso em seus pensamentos, quando, de repente

– PUFF – uma nuvem de fumaça apareceu, acompanhada de uma voz tonitruante:
- Absalão! Absalão prostrou-se. Só podia ser o criador! Em pessoa! - Absalão – voltou a voz

 – NÃO ESTOU CONTENTE COM OS HOMENS; ESTÃO POLITIZADOS, GUERREIAM ENTRE SI E SÓ DEFENDEM INTERESSES PRÓPRIOS. O TRINÔMIO ADÃO-EVA-COBRA DEU NISTO... FAREI CHOVER 40 DIAS E 40 NOITES, ATÉ COBRIR A TERRA DE ÁGUA. SERÁ CONHECIDO COMO “O DILÚVIO”. MAS QUERO QUE UMA NOVA HUMANIDADE NASÇA DE UM HOMEM INTELIGENTE, PRÁTICO E COM OBJETIVOS. VÁ E CONSTRUA UM BARCO PARA VOCÊ E SUA FAMÍLIA E COLOQUE DENTRO UM CASAL DE CADA SER VIVO. VOCÊ TERÁ 4 MESES PARA ESTE EMPREENDIMENTO. MEU CONTATO COM VOCÊ SERÁ O ARCANJO GABRIEL, QUE COSTUMAM CHAMAR DE “MINISTRO DE DEUS”. PUFF!... e a nuvem se foi. Absalão levantou-se lívido.

 O criador elegera-o gerador da nova humanidade!

Todas as suas idéias seriam propagadas para o futuro! Mas Absalão nada conhecia de barcos nem de navegação, porém não discutiria para não perder a grande oportunidade dada pelo criador. Absalão era um sexagenário e estava difícil ganhar a vida com o status de que se achava merecedor. Mas 4 meses era muito pouco tempo! Era preciso resolver um problema técnico – construir um barco enorme, que objetivo!

Absalão provaria que era capaz de salvar a humanidade com a sapiência dos mais velhos, usando a energia dos mais jovens! Absalão rebuscou a memória. Conhecia um engenheiro naval chamado Neul, não – Noé! Sim, era esse o nome. Noé poderia construir-lhe o barco. Absalão seria o coordenador do EMPREENDIMENTO e Noé seria o elemento técnico.

Tão logo pensou, tão logo conversava com Noé.

- Meu caro, - dizia Absalão

- quero encomendar-lhe um barco... e dos grandes!

- Sim, senhor, mas qual o tipo, para qual carga, para qual navegação?

- Sim, sim, Noé, isto são detalhes. É um barco para grande carga e águas pesadas. Quero fazer uma longa viagem com a família e levarei tudo.

- Está bem, senhor. Aqui mesmo temos florestas com madeira de densidade 0,8 g/cm3, em quantidade suficiente. Se a carga é grande, faremos o centro de gravidade baixo e o centro de impulso alto, de modo a obter grande estabilidade. Acho que com 10 carpinteiros, que consigo arranjar e 1 mês de trabalho duro, estaremos com o barco pronto...

- Perdão, caro Noé, não quero interrompê-lo, mas como pode ter certeza desta cadencidade da madeira? Se os homens são realmente competentes? Se trabalharão com eficiência?

- Senhor, a unidade a que me referia chama-se densidade e os homens são carpinteiros, já meus velhos conhecidos...

- Não, não, Noé – disse Absalão, com um sorriso de condescendência – este EMPREENDIMENTO é grande e a coordenação é minha. Serei como que um Presidente e você será o técnico. Combinado?

- Combinado, senhor Presidente, o barco é seu e quem manda é o senhor – retrucou Noé, dando de ombros.

Levantou-se para cumprimentar Absalão e retirou-se. Absalão pensou! – puxa, não havia pensado nisso! São precisos carpinteiros para cortar as árvores e construir o barco. É preciso selecionar bem estes homens pois o EMPREENDIMENTO não pode fracassar. Ah! Já me lembro. Meu auxiliar na cruzada santa de TRES-PEDRAS fez ótima seleção de lanceiros! Roboão é o seu nome. Hoje está selecionando beterrabas para indústria, mas virá trabalhar comigo por um salário um pouco maior.

* * * 
- Mas, Chefe, se o técnico disse 10 carpinteiros, precisamos no mínimo de 15. O senhor sabe, faltas, doenças, férias, turn-over... E para selecionar bem 15 homens, temos que explorar um universo de pelo menos 150 a 200 homens. Levarei algum tempo para isso e precisarei de auxiliares.

- Confio em você, Roboão. Já fez um bom trabalho para mim e tem grande experiência com Pessoal. Realmente achei Noé muito simplista. Convide quem você achar melhor para realizar o recrutamento e seleção de homens para a tarefa. E mantenha-me informado.

- Certo, Chefe. Obrigado pela confiança. Sairei em campo imediatamente.

Esta noite Absalão dormiu satisfeito. Após a missão do Senhor, em menos de 24 horas já tinha o técnico e o especialista em pessoal. Dormiu embalado ainda pela algazarra de sua família (20 membros) na festa de inauguração do lançamento do EMPREENDIMENTO.

 O 2º dia amanheceu tranqüilo e claro. O Presidente foi acordado por Roboão, com boas notícias.

- Chefe, já tenho 5 homens anunciando no povoado. É a fase do recrutamento. De acordo com o mercado, estamos oferecendo 5 dinheiros.
- Mas, Roboão, minha mulher ganha 9 dinheiros cosendo para fora... Não será pouco?

- Deixe comigo, Chefe. No recrutamento da última batalha pagaremos 8 dinheiros para valentes combatentes. Estes são apenas carpinteiros, que não podem ser comparados à sua senhora. Temos assim 5 recrutadores e 10 examinadores para a fase de seleção, menos do que 10% dos candidatos esperados!

- E quanto ganharão?

- O salário desta equipe varia de 8 a 12 dinheiros, por serem especialistas. Chefe, um probleminha a mais. Não quero responsabilidades com o Numerário e não sou bom em contas. O trabalho com o pessoal já é bastante. Não acha melhor termos um homem para a gerência financeira do EMPREENDIMENTO?

- Bem lembrado, Roboão, mas não conheço nenhum e deve ser um homem de confiança!

- Chefe, se me permite, quero lembrar-lhe o Judas, que se ocupava dos dinheiros da força de combate.

- Não, não, Roboão. Este negócio de dinheiro com o pessoal das armas não dá certo. Pensemos em outro. Deve ser um especializado na coisa... Você me compreende...

- Então, Chefe, podemos fazer uma seleção entre candidatos. Sairei em campo.

* * * 

O EMPREENDIMENTO crescia de vento em popa. As equipes do recrutamento e seleção já estavam em plena operação. As finanças já tinham um responsável. Mas onde colocar este pessoal? Absalão partiu, com seu habitual dinamismo, e logo adquiriu uma grande cabana de madeira já com divisórias e tapetes e contratou imediatamente o pessoal de zeladoria e segurança convidando alguns conhecidos das forças de combate. Iniciou-se assim a operação em grande escala. 

* * *

- Senhor Presidente – falou timidamente a graciosa recepcionista. Está aqui o Dr. Noé com alguns desenhos e...

- Minha filha, já lhe disse para não me interromper. Diga ao Dr. Noé que passe depois do almoço. Absalão continuou a entrevista com o futuro gerente de material, Jacob, seu velho conhecido de carreira:

- Pois é, amigo Jacob, preciso cercar-me de gente de confiança, para o sucesso do EMPREENDIMENTO. Material é uma área delicada e não tolerarei desvios de estoque!

- Certo, Chefe! Sabe que pode confiar em mim. Nunca sumiu uma flecha ou lança no meu tempo. Mas o armazenamento de madeira necessita de um almoxarifado e um bom almoxarife.

- Para o controle necessitarei de alguns arquivos, arquivos kardex, prateleiras e pessoal de apoio. Justo Jacob. Encomende as prateleiras na carpintaria do povoado e fale com o Roboão para o recrutamento do pessoal necessário. Neste momento entrou Cloé, a secretária executiva do Presidente. Jacob afastou-se discretamente.

- Senhor Presidente, acaba de chegar um relatório da Segurança, indicando certos nomes que não devem ser contratados. Há suspeitas de que alguns não merecem confiança.

- Ótimo trabalho do Gau, jamais lhe faltou a intuição! Precisamos estar alerta!

- Ah! Outra coisa, Sr. Presidente, o Dr. Noé telefonou novamente. Parece aflito para a aprovação de alguns desenhos.

- Ora, este Noé! Sempre querendo me confundir com qualidades de madeira, centros de fluxos. Ele não sabe que não posso, sozinho, me responsabilizar pela aprovação desses desenhos.

- Diga-lhe que nomearei um grupo de trabalho, o GT-BAR – Grupo de Trabalho do Barco – para dar-me um parecer. O rapaz é bom de projeto, mas nada entende de custos ou de administração por objetivos! Mas teremos tudo nos eixos, tão logo chegue o meu chefe de administração. Vai colocar ordem e método nessa turma. Quero ver produção!

15 dias se passaram e o organograma proposto já estava na mesa do Presidente. Uma diretoria das Coisas (DC), uma dos Investimentos (DI) e uma do Barco (DB). O DB já havia montado um laboratório especializado para a medida de densidade da madeira, análise de fungos e cupins e já estavam instalados os equipamentos para medida de elasticidade e flexibilidade.

A administração, em apenas 15 dias, já havia elaborado as provas de seleção para arquivistas de desenho naval, provas de seleção para a seleção do pessoal de seleção e recrutamento, pessoal de apoio, etc... Roboão, como cumprimento ao Chefe, havia mandado comprar uma charrete, último tipo, de 6 rodas e boléia separada já acompanhada de charreteiro. Naturalmente houve pequeno atrito com Jacob, Chefe do material, mas, como eram companheiros de batalhas, o incidente foi esquecido e contornada auditoria. Naquela noite, Absalão estava cansado, mas não pode esquivar-se de receber Noé em sua residência.

- Sr. Presidente, desculpe-me interromper o seu descanso, mas o projeto está pronto e as pessoas de GT-BAR ainda não foram nomeadas. O material já está especificado, porém o laboratório ainda não emitiu o laudo de aprovação da madeira e não consegui os carpinteiros para o corte... Se o Sr. Pudesse autorizar-me a trazer os carpinteiros conhecidos do povoado...

- Não se preocupe, Noé. Falarei amanhã com o DB e apressarei a contratação do pessoal. Você sabe, apesar de ser Presidente, não posso mudar as normas da organização, autorizando diretamente os seus carpinteiros. Da chefia vem o exemplo do cumprimento das normas. Não se preocupe, que o EMPREENDIMENTO está nas mãos de profissionais – os melhores! Boa noite, Noé...

Noé afastou-se sem entender muito bem. Havia sido convidado para construir um barco. Agora estava às voltas com normas, instruções, exames de seleção... Balançou a cabeça. As coisas devem ser complicadas mesmo, e o Presidente é um homem capaz, se não, não seria Presidente. Partiu otimista para sua cabana. Se o Presidente disse, é porque tudo vai indo muito bem.

* * * 

25º dia – Manhã linda.

Cloé anuncia a chegada de Roboão.

- Entre logo, meu velho, sente-se. Aceita um leite de cabra?

- Sim, Chefe, obrigado. Por falar nisso, segundo a lei, mandei distribuir leite de cabra pela manhã e pela tarde para todos. Já está até codificando o material para o controle pelo computador. Mas foi para isso necessário adquirir 200 cabras, alugar um pasto e contratar 5 pastores.

- Jóia, Chefe! Veja só: dá 40 cabras por pastor e só ganham 10 dinheiros!

- Você é um bicho na administração de pessoal, Roboão! Falarei ao seu Diretor para propor a sua promoção na próxima vez. Como vai sua Avaliação?

- Realmente não sei, Chefe, é confidencial...

- Darei um jeito para que seja boa. Afinal, temos 500 pessoas no efetivo e todas passaram por você. E ainda você conseguiu comprimir o quadro, que era de 800 pessoas!

- Quanto economizamos em média?

- Nessas 300 pessoas, cerca de 4.000 dinheiros, Chefe! – respondeu Roboão, com um sorriso de modesta satisfação.

- Talvez fosse aumentado para 30 dinheiros!

- Roboão, não quero incomodá-lo e nem por sombra desfazer do belíssimo trabalho de as equipe, mas Noé me disse que ainda não foram contratados os carpinteiros para o corte...

- Ora, Chefe, Noé é um sonhador. Só pensa nos seus desenhos. Já lhe expliquei a complexidade da contratação. Por exemplo: já aumentamos a oferta para 6 dinheiros, porém todos os carpinteiros candidatos foram reprovados no primeiro psicotécnico. Não adianta contratar pessoal sem aptidão psicoprofissional para o corte da madeira. Se não passam nem neste exame, imagine nos outros.

- Realmente você tem razão, Roboão. Noé desconhece o que é uma boa organização. Toque como você achar melhor. Se o contratei, é porque tenho total confiança no seu trabalho.

* * *

40º dia – Finalmente, a primeira reunião de Diretoria.

Era o momento solene das grandes decisões de cúpula do EMPREENDIMENTO. Todos com seu melhor terno, sentados à mesa de reunião com suas pastas tipo 007. O Presidente, satisfeito, relatava que o EMPREENDIMENTO era o orgulho do povoado. Havia muito trabalho e emprego para todos.

Aproveitando o clima de satisfação, o DC informou que havia feito um convênio com a Escola de Carpinteiros, pois a mão de obra necessária estava aquém do treinamento necessário.

Além disso havia criado o Departamento de Recursos Humanos com missão de retreinar os carpinteiros para a técnica naval; também treinar datilógrafas, um Departamento de Segurança e Higiene do Trabalho por força da lei. O ambulatório já atendia 20 pessoas por dia.

O DB, aproveitando uma brecha do DC, ponderou timidamente que faltava papel para o desenho e que a eficiência dos carpinteiros era baixa: havia só um e que cortou 3 árvores, sendo duas bichadas, de acordo com o último relatório do Controle de Qualidade. Noé estava tentando suprir a falta, desenhando em folhas de bananeiras e cortando árvores à noite, após o expediente. Quando o DB propôs aumentar o salário de Noé para 15 dinheiros, o DC explodiu, seguido de perto do DI:

- Estes técnicos não funcionam e ainda querem aumento! Senhor Presidente, sou de opinião que devemos aumentar a equipe de recrutamento e apertar as provas de seleção. Nossa equipe técnica deixa muito a desejar!

- Perdão, retrucou o DB. O laboratório funciona! Veja como detectou as árvores bichadas. Acontece que não temos o apoio necessário. O Sr. Está desviando recursos para a área de Operação do Barco, recrutando timoneiros, veleiros, etc...

- Mas é lógico, - interveio o Presidente – temos que agir com antecedência no treinamento. Treinar é investir no futuro.

* * * 

80º dia – Absalão passeava na ravina.

Estava orgulhoso. Era Presidente de um EMPREENDIMENTO que já contava com 1.200 pessoas. As preocupações de Noé eram infundadas. Não passava de um tecnocrata pessimista. Felizmente, já havia o Diretor Técnico para despachar com Noé: menos um aborrecimento. Subitamente – PUFF – uma nuvem de fumaça.

- O MINISTRO DO SENHOR! – Exclamou Absalão, prostrando-se.

- ABSALÃO!, PONHA GENTE DE MAIS PESO NO TOPO, CASO CONTRÁRIO O EMPREENDIMENTO AFUNDARÁ – PUFF.

Absalão correu à cabana de Noé:

- Noé, Noé, ponha um convés no alto de um mastro. Vou colocar as pessoas mais pesadas em cima! - Mas, Presidente, isto é impossível... O convés é sempre em baixo e o mastro em cima. Se aumentarmos a massa no topo, o barco vai emborcar!

- Não discuta construção comigo, Noé! O MINISTRO mandou colocar homens pesados no topo e é isso o que vou fazer... e cumpra as minhas ordens! Noé não retrucou. O Presidente estava nervoso. Talvez Cloé pudesse faze-lo ver mais claro... Noé correu à Secretaria Geral, mas lá encontrou o Comandante de Operações do Barco, que já esperava há duas horas. Com ele estavam o sub-comandante nível 3, o imediato, o pré-imediato, dois assistentes e três assessores.

- Noé, - disse o Comandante – o seu projeto não anda! Como vou treinar os meus homens sem barco? Vou pedir a aprovação do Presidente para adquirir um simulador de barco, caso contrário não me responsabilizo. O DI diz que minha razão de operação está horrível, mas implantou custos só na minha área! Já reparou quantas pessoas de apoio tem o Departamento de Apoio?

Noé balançou a cabeça e retirou-se vagarosamente. Realmente, o que ele conseguira? Uma meia dúzia de desenhos e alguns em folha de bananeira. Isto, em 80 dias. E havia prometido que faria o barco em 30 dias ao Presidente! Estava acabrunhado e sentia-se um incompetente. Mas, o que estaria errado? O Presidente entrou furioso, desabafando com Cloé:

- Veja só! Faltam apenas 40 dias e a Divisão de Importação diz que há crise de transporte e a madeira só chegará no prazo de dez dias! O pessoal de PO mais o de O&M junto com o CPD já fez tudo para diminuir o caminho crítico de um tal de PERT, mas estou vendo tudo de longe! Quero uma reunião de emergência com os Diretores. Vou despedir o Senhor de Carpintaria e contratar outro. Se não fosse o Roboão com a equipe de recrutamento, não sei o que seria!

- Mas, Presidente, - perguntou Cloé, - faltam 40 dias para que?

- Para o Dilúvio, minha filha, para o Dilúvio! Envie o seguinte telex:

De: Absalão Para: O Senhor

SOLICITO PRORROGAÇÃO PRAZO RESTANTE 40 DIAS. DIFICULDADES INTRANSPONÍVEIS CRISE INTERNACIONAL DE MADEIRA. PRESTAÇÕES – ABSALÃO 

 O ruído monótono da teleimpressora deixava Absalão ansioso, mas a resposta veio, finalmente.

Do: Senhor Para: Absalão

CONCEDIDO PRAZO MAIS CINCO DIAS IMPRORROGÁVEIS. ELEVAÇÃO DE ÁGUAS EM ANDAMENTO. 

Absalão desesperou-se e partiu para a reunião. Cloé, pelo telefone interno, iniciou a telefofoca do Dilúvio. 

82º dia – Gau adentra o gabinete do Presidente:

- Chefe, tenho aqui um relatório de que há desvio de cipós de amarração do almoxarifado. A listagem do computador não bate com a auditoria...

- Que inferno, Gau! Coloque sua equipe em campo. Jacob está fora de suspeita por ser meu amigo. Verifique o pessoal da Segurança. Cloé, ponha o Roboão na linha.

- Roboão? Aqui é o Presidente. Já recrutou os carpinteiros?

- Infelizmente não passam nos testes, meu Chefe. Até já afrouxamos as provas, mas o exame de reconhecimento de tipos genéticos de cupim reprova todo mundo. É por isso que a madeira do estoque está bichada, conforme relatório do Departamento de Material.

- Presidente, - interrompeu Cloé – é urgente: dois pastores na ante-sala dizem que há crise de leite de cabras e não se fará distribuição aos funcionários por uma semana. O Suprimento não providenciou capim na seca do pasto... - Qual é a sua decisão?

* * * 

100º dia – Reunião da Diretoria

- Sr. Presidente, - falou o DI – dentro de uma semana vencem nossos empréstimos internacionais, com os povoados vizinhos, e a caixa não é suficiente. Nosso EMPREENDIMENTO economicamente vai muito bem, mas financeiramente estamos à beira de uma crise. Sugiro uma redução de pessoal.

- Sempre que se fala em reduções, todos olham para mim! – explodiu o Comandante de Operações. Sem meus homens não há operação de barco, que nem sairá do porto. E meu simulador ainda não foi aprovado!

- Sr. Presidente, - timidamente tentou o DB – acho que o Comandante tem razão, mas não prometeram ao MINISTRO que o barco estaria pronto em breve? Mas, sem material...

- Como posso fabricar madeira? – gritou o DC. – O seu laboratório não acha a madeira local e há crise de transporte!

- Os carpinteiros são incompetentes, e esse tal de Noé, que fez ele até agora? E ganha 10 dinheiros!

- Senhores – falou gravemente o Presidente.

Todos olharam esperançosos

- A situação do EMPREENDIMENTO é razoável, mas temos que tomar uma atitude mais séria quanto ao projeto do barco...

- Presidente, não quero interrompe-lo, mas em nossos arquivos não constam os exames de admissão de Noé e nem sabemos se ele é engenheiro naval...

- Sim, a culpa é minha, - falou o Presidente, - mas quando convidei Noé, ainda não havia as normas do EMPREENDIMENTO.

- Sou, portanto, obrigado a despedi-lo. Queira providenciar, através de Roboão. Noé realmente ficou furioso com a notificação. Nem exigiu a fração do 13º salário que lhe cabia. Estava disposto a sair daquela terra e o caminho mais fácil era pelo rio. Partiu para a floresta e reuniu 5 companheiros:

- Amigos, vamos cortar estas árvores bichadas mesmo, construir um barco e sair daqui!

- Mas, Noé, não somos carpinteiros nem sabemos fazer barcos...

- Não importa. Ensinarei vocês a cortar madeira e já tenho os desenhos. Faremos uma equipe motivada com o objetivo de construir um barco para uma vida melhor em outras terras! Levaremos uns bichos a bordo para come-los durante a viagem. Só falta meter mãos à obra! A madeira começou a ser cortada. Lascas voaram por todos os lados. As partes mais bichadas eram isoladas e jogadas fora. Mosquitos voavam ao tombar das árvores! Em poucos dias o casco do barco já tomava forma.

* * * 

125º dia – O Presidente acordou preocupado.

A madeira tinha chegado, mas só 3 carpinteiros no Setor de Carpintaria. Sua charrete tomou o caminho mais rápido para o escritório, a fim de evitar o mau tempo. Nuvens pesadas cobriam os céus. Absalão foi direto ao telex, mas Cloé só chegava às 10 horas... Absalão correu ao CPD:

- Que há aqui? Não começou o expediente? Quem é você?

- Sou uma perfuradora, senhor. Há dias que não vem ninguém. Dizem que pelo Plano de Classificação de Cargos e Salários e pela política de promoções, não fica ninguém...

Absalão voltou ao escritório. No caminho, encontrou-se com o Gau, que lhe disse, preocupado, haver um zum-zum acerca de um tal Plúvio, que poderia ser um terrorista, mas que a sua equipe... Absalão ficou branco e correu ao telex.

- Cloé, rápido: 

De: Absalão Para: O Senhor 

DIFICULDADES COM O PROJETISTA ATRASARAM O EMPREENDIMENTO. SOLICITO PRORROGAÇÃO PRAZO. 

Do: Senhor Para:Absalão 

PRORROGAÇÃO NEGADA. 

E começou a chover. Absalão correu para fora, seguido de Jacob. A chuva era forte, mas Jacob gritou:

- Chefe, há um barco descendo o rio. Veja, na proa está escrito:

"ARCA DE NOÉ!"